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Job hopping: como lidar com esse fenômeno das novas gerações

Escrito por Renato Navas | 02/12/2023

O job hopping é uma tendência ascendente no mercado de trabalho, especialmente entre profissionais com menos de 34 anos. Caracterizado por colaboradores que optam por mudar de trabalho continuamente, é um comportamento que precisa ser discutido (e compreendido!). 

De um lado, há um ciclo de vida do colaborador diferente, com pessoas em busca constante de desafios novos; de outro, estão as empresas, que passam por um momento profundo de revisão. Afinal, segundo pesquisas, as relações de trabalho estão realmente mudando

Vamos falar melhor sobre isso e entender as explicações desse movimento? 

O que é o job hopping?

Job hopping é uma expressão em inglês que, traduzida para o português, significa “salto de emprego”. Por isso, é utilizada para se referir a esse tipo de atitude, que vem se tornando cada vez mais comum dentro das organizações.

O fenômeno deu origem às classificações “job hoppers” ou “job jumpers”, que se referem a todos os trabalhadores que trocam de função ou de empresa com certa frequência. Os motivos para isso são:

  • desejo de aumentar os conhecimentos;
  • remuneração mais alta;
  • condições melhores de trabalho;
  • liberdade profissional;
  • busca por outros desafios;
  • qualidade de vida;
  • status;
  • visão de decisões a curto prazo;
  • necessidade pela busca de formação contínua;
  • falta de desenvolvimento profissional em uma mesma função;
  • maior compromisso com os próprios objetivos do que com organizações.  

Todos esses itens são demonstrativos do quanto o employee experience está relacionado a essa ocorrência

Isto é, trabalhar aspectos que correspondam a cada um dos motivos citados acima é uma iniciativa capaz de atender as expectativas dos colaboradores, fazendo com que os talentos permaneçam por mais tempo. 

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O cenário no Brasil

Dados do Ministério do Trabalho brasileiro indicam que o fator geracional é observado no Brasil como um indício do pouco tempo de permanência em um emprego, já que jovens com idade entre 18 e 24 anos são os que mais apresentam esse tipo de atitude

Em 2020, um quarto dessa parcela da população passou menos de três meses no mesmo local de trabalho, o que corresponde a 2,47 milhões de pessoas. 24% permaneceu no máximo dois anos em uma empresa.

Quando analisamos as estatísticas de trabalhadores com idade entre 40 e 65 anos, o número de pessoas que continua em um mesmo emprego é de mais de 4 milhões. Ou seja, corresponde ao dobro das gerações mais novas.

Por que os colaboradores estão saltando de empregos?

Tudo indica que as estruturas e ambientes mais flexíveis de trabalho estão contribuindo para esse tipo de conduta das relações profissionais. As condições econômicas também devem ser levadas em conta.

Há 40 anos, recursos, perspectivas e possibilidades eram muito mais escassas. Isso tende a refletir na interpretação e na postura dos profissionais. Sendo assim, quem acompanhou todo esse período está mais suscetível a ter uma relação de lealdade com um trabalho. 

Outros fatores que podem ser destacados como impulsores do job hopping são:

  • hiperconectividade, com uma impulsão de oportunidades (principalmente em áreas ligadas à tecnologia) e a chance de se trabalhar à distância;
  • a viabilidade de optar pelo nomadismo digital, tendo em vista o domínio de diferentes idiomas e as facilidades de adaptação do mundo atual;
  • maior foco na saúde mental e a procura por trabalhos que atendam critérios de bem-estar.

O novo significado do trabalho

Não há como negar que a pandemia trouxe diversas inquietações e mudanças na forma como encaramos a vida pessoal e seu equilíbrio com o trabalho. Esse novo ciclo de adaptação evidenciou traços que estão se manifestando em reações como o job hopping. 

O Índice de Tendências de Trabalho 2022”, publicado pela Microsoft, informou a intenção de um grande número de colaboradores de buscarem novas colocações. O total, em todo o mundo, chega a 43%

Essa transição da força de trabalho passa por uma revisão do que deve ser levado em conta na procura de uma nova colocação, a exemplo da Grande Resignação, outro acontecimento que está diretamente relacionado às trocas constantes de ocupação.  

O que as empresas devem esperar com o job hopping?

É como descrevemos acima: o trabalho está atravessando uma fase de remodelação profunda. Corporações, times de RH e gestores precisam se preparar para isso, acompanhando essa transformação.

Estudos indicam que a atividade profissional deve estar envolta em novos valores, provando aos candidatos que determinada função “vale a pena”. Desse modo, há outros atributos em jogo além de uma remuneração competitiva para definir o que é um bom trabalho.

Podemos listar os seguintes:

  • alinhamento dos propósitos individuais com a cultura organizacional (aqui, sobressaem-se práticas de Diversidade & Inclusão, bem como contribuições sociais e ambientais com critérios de ESG, ou Environmental, Social and Governance);
  • cuidados com o bem-estar e a saúde integral do capital humano;
  • jornadas flexíveis e ambientes mais informais.

Uma análise da PwC intitulada “Trabalho Pós-Pandemia” mostrou que 71% dos respondentes entrevistados nutrem expectativas sobre medidas de informalização e flexibilização no ambiente corporativo. 

Diante disso, somada aos modelos híbridos ou remotos, uma das pautas em alta no mercado corresponde à semana de quatro dias de trabalho

No Reino Unido, a proposta já vem sendo experimentada pelas corporações, e os resultados estão sendo monitorados pelo projeto “The 4-Day Week Global”.

Quais são os desafios de contratar job hoppers as organizações?

As empresas devem conseguir distinguir um colaborador que diversifica as experiências ao longo da carreira de um que precisou se recolocar por motivos ligados ao seu desempenho. 

Muitos gestores acabam ficando receosos ou inseguros sobre a contratação de candidatos com currículos que reúnam passagens efêmeras por um grande número de organizações. Ou, ainda, podem imaginar que esse perfil mais instável talvez não seja uma boa aposta para o time.

Afinal, a alta rotatividade pode vir a prejudicar a manutenção do clima organizacional e outros indicadores importantes para a gestão de pessoas. 

A verdade é que, quando isso acontece, vantagens valiosas correm o risco de serem deixadas de lado.  

Talvez, o maior desafio para o RH e para as companhias seja justamente encontrar mecanismos que permitam a adequação do ambiente de trabalho a essa nova demanda, apontada essencialmente pela Geração Z e pelos Millennials. 

Por essa razão, junto a tudo que já abordamos anteriormente sobre esse cenário de novidades, é fundamental conseguir identificar uma situação promissora e não cometer equívocos. Vamos entender, a seguir, de que maneira é possível fazer essa distinção de talentos!

Reconheça um job hopper em 7 características

Conforme vimos até aqui, o job hopping é um tipo de comportamento. Por isso, podemos listar algumas características que são comuns a profissionais que aderem a esse estilo. 

Entre elas, estão:

  • 1. Criatividade — Colaboradores assim geralmente têm um grande potencial para apresentar ideias inovadoras como resultado de vivências e experiências diversas;
  • 2. Lifelong learning — Procuram sempre por novos aprendizados e formações;
  • 3. Alta capacidade de organização — Apresentam bom autogerenciamento, o que se estende também ao domínio de ferramentas colaborativas em apoio aos times;
  • 3. Adaptabilidade — Isso reduz consideravelmente qualquer resistência a mudanças e os mantém abertos a assumirem novas atividades e desafios;
  • 4. Ampla rede de networking — As chances de contatos interessantes e de soluções agregadoras à empresa são elevadas;
  • 5. Alta produtividade — Considerando que o profissional está em um lugar de sua escolha, é comum que possua um bom nível de motivação;
  • 6. Habilidades para gerenciar projetos e equipes — Tendo em vista a boa capacidade de comunicação e o conhecimento formado pela trajetória, job hoppers geralmente apresentam essa soft skill. 

De job hopper a embaixador de marca: invista em engajamento

Para concluirmos a leitura, queremos propor uma reflexão levando em conta o perfil que acabamos de descrever no tópico anterior.

Você já parou para pensar no quanto RH e gestores podem se dedicar a engajar colaboradores com perfil de job hopping, fazendo com que eles acabem se tornando verdadeiros embaixadores da marca da sua empresa?

Mesmo porque, ao conquistá-los e fornecer os aparatos necessários para que eles permaneçam na sua equipe, esses profissionais tendem a desenvolver índices altos de aprovação da organização!

Então, continue sua trilha de aprendizado e aproveite para entender mais sobre o assunto:

Saiba o que é uma estratégia de embaixadores de marca e quais as vantagens disso para o seu negócio!