A contratação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho brasileiro ainda enfrenta diversas barreiras e desafios atualmente. É preciso ações de conscientização e outras estratégias para ampliar a inclusão e diversidade nas empresas.
Esta, aliás, foi o tema abordado por Carolina Ignarra, sócia consultora da Talento Incluir, que presta consultoria para empresas que querem contratar pessoas com deficiência.
Carolina, que também foi eleita melhor profissional de Diversidade de 2018 pelo prêmio Veja-se, conversa com o Ídolos desta edição e revela dados, práticas e a importância da visibilidade sobre a inclusão.
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Diversidade já existe, né? Costumo dizer que diversidade é um fato e inclusão passa a ser uma escolha.
As pessoas já são diferentes e as diferenças que não são oprimidas também não são tão percebidas. Acontece que algumas delas são oprimidas socialmente e quando a empresa não olha para isso, ela certamente possui pessoas trabalhando e pessoas são o grande ouro dos negócios, mesmo com tecnologia. Pessoas são o que faz tudo isso funcionar.
Pessoas oprimidas não rendem, não evoluem, não desenvolvem, não são felizes e aí, a gente tem impacto negativo nos negócios.
Diversidade retrata as diferenças das pessoas e, principalmente, as diferenças entre os negócios, as que são oprimidas socialmente.
Então, por conta dos comportamentos opressores, como racismo e machismo, o capacitismo é a opressão à pessoa com deficiência.
Devido aos comportamentos opressores às pessoas que são dos pilares de diversidade e dos marcadores sociais da diversidade acabam sendo mais atingidas.
A inclusão é o processo de fazer com que pessoas diferentes funcionem juntas e com respeito, com a dignidade e a favor dos resultados. Portanto, quando a gente fala de inclusão em empresas (e eu podia estar falando de inclusão na escola, nos grupos sociais..estamos falando especificamente de inclusão nas empresas) ela é isso. É fazer com que as diferenças funcionem bem juntas.
A lei de cotas dá o pontapé inicial e faz com que as empresas acordem para esse tema. Mas quando elas só querem cumprir cota, não têm sucesso. O cumprimento da cota é o mínimo que deve ser feito e as empresas não devem agir por esse objetivo.
A gente trabalha para que as empresas entendam porque a cota existe- ela existe porque há desvantagem social. As pessoas com deficiência são excluídas socialmente desde a existência do nosso país: São mais de 500 anos de exclusão.
Então, se não tivermos mais políticas que favorecem - essa é uma delas que é importante, da inclusão no trabalho - a gente tem desigualdade e desvantagens no momento de concorrer uma oportunidade.
Portanto, quando a PcD chega para uma oportunidade de mercado de trabalho, ela já passou por uma sociedade exclusiva, que na saúde não tem tudo que uma pessoa com deficiência precisa para trazer a sua deficiência com menos impacto na sua vida.
Além disso, a educação não forma considerando as limitações dos alunos. Então, a educação não é inclusiva metodologicamente, arquitetonicamente. Assim, por conta de exclusão que antecede o mundo do trabalho, a pessoa com deficiência chega em desvantagem. E por isso que a lei de cotas vêm favorecendo muito.
Mas quando a empresa não entende isso e contrata porque é lei, (e ninguém quer trabalhar porque é lei) no fim não dá certo, não é sustentável. Quando a empresa entende o objetivo e atua pelo que é de fato transformar a realidade de 24% da população brasileira, (que é o índice de pessoas com deficiência no Brasil) aí ela consegue ter resultado.
Falamos que programas estruturados sustentáveis precisam seguir muitos passos. Mas 3 são essenciais para os programas acontecerem de um jeito sustentável.
Sim, uma super ideia é trazer o líder como coaching. Os próprios líderes que já cresceram na organização podem ajudar os PcDs fazendo uma mentoria, fazendo um trabalho de coaching, fazendo um trabalho de desenvolvê-los para a carreira.
Pensa numa pessoa que nunca se imaginou numa grande empresa. E a partir do momento que ela entra, orientação, fazer ela acreditar mais nela...muitas vezes, as empresas oferecem um curso ou outro, mas a continuidade disso é importante.
Além dos cursos (e não é de deixar de oferecê-los) e dos desenvolvimentos esporádicos, um acompanhamento diário, com um cara experiente, que já cresceu na organização é super importante para o sucesso.
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