Na jornada em direção à equidade e inclusão, há uma batalha silenciosa que muitas vezes passa despercebida: o capacitismo.
Este é um sistema de discriminação que marginaliza, desvaloriza e não contrata pessoas com deficiência, colocando barreiras injustas em seu caminho para oportunidades iguais.
Para alcançar verdadeira diversidade e inclusão no local de trabalho, é crucial compreender e combater o capacitismo de maneira ativa e consciente.
Capacitismo é uma forma de discriminação baseada na crença de que as pessoas com deficiência são inferiores ou menos capazes do que aquelas sem deficiência.
A palavra capacitismo vem, inclusive, da subestimação da capacidade dessas pessoas.
Esta ideologia subjacente pode levar à exclusão, marginalização e tratamento injusto das pessoas com deficiência em diversas áreas da vida, incluindo educação, emprego, saúde e acesso a serviços públicos.
É uma forma de discriminação profundamente enraizada na cultura e nas estruturas sociais, exigindo esforços conscientes para combatê-la e promover a inclusão e a equidade para todos.
O capacitismo institucional se refere a políticas, práticas e estruturas organizacionais que perpetuam a exclusão e marginalização das pessoas com deficiência.
Em outras palavras, são as formas sistêmicas de discriminação que estão incorporadas nas instituições e organizações, tornando-as inacessíveis ou hostis para pessoas com deficiência.
Isso pode ocorrer de várias maneiras, tais como ausência de adaptações, uma cultura organizacional discriminatória, falta de acessibilidade e até falta de representação nas estruturas de liderança.
Atitudes capacitistas são crenças, comportamentos e preconceitos negativos direcionados às pessoas com deficiência.
Essas atitudes podem se manifestar de várias maneiras e têm o potencial de perpetuar estereótipos prejudiciais, discriminação e exclusão.
Alguns exemplos são:
No mercado de trabalho, todas as maneiras que o capacitismo se manifesta contribuem para a marginalização e discriminação das pessoas com deficiência.
Isso inclui as barreiras durante a contratação, por conta de pré-julgamentos, agir com base em estereótipos e preconceitos, além de limitar oportunidades e oferecer menores salários.
Além disso, uma atitude capacitista bem importante que muitas empresas ainda cometem é o não cumprimento da Lei de Cotas (Lei 8.213, de julho de 1991).
Esta lei, que já tem mais de 30 anos, prevê no Art. 93 que: A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas."
Combater o capacitismo nas empresas requer um esforço consciente e sistemático para promover a inclusão e a igualdade de oportunidades.
Aqui estão algumas maneiras eficazes de abordar essa questão:
O departamento de Recursos Humanos desempenha um papel crucial no combate ao capacitismo e na promoção da inclusão de pessoas com deficiência no local de trabalho.
Aqui estão algumas maneiras pelas quais o RH pode contribuir para essa causa:
O RH pode garantir que todas as instalações, equipamentos e tecnologias no local de trabalho sejam acessíveis para pessoas com deficiência.
Por exemplo, a realização de avaliações de acessibilidade, implementação de adaptações físicas e a oferta de tecnologias assistivas conforme necessário.
Além disso, também é preciso oferecer suporte aos funcionários com deficiência na obtenção de espaços que lhes permitam realizar seu trabalho de forma eficaz.
Também pode trabalhar em conjunto com a liderança da empresa para desenvolver e implementar políticas de diversidade e inclusão que abordem especificamente o capacitismo.
Incluindo políticas de recrutamento e seleção inclusivas, diretrizes para acomodações razoáveis e protocolos para lidar com casos de discriminação ou assédio baseados em deficiência.
Dessa forma, é possível promover uma cultura organizacional que valorize a diversidade em todas as suas formas, incluindo as pessoas com deficiência.
Isso pode ser feito através de iniciativas e espaços seguros para discussões sobre questões relacionadas à deficiência, por exemplo.
O RH pode garantir que os processos de recrutamento e seleção sejam justos e equitativos para todas as pessoas.
Para isso, é preciso revisar as práticas de seleção para evitar preconceitos implícitos, a adoção de entrevistas estruturadas e adaptação das acomodações durante o processo de contratação.
O RH também pode organizar programas de sensibilização e treinamento para funcionários em todos os níveis da organização.
Dessa forma, pode-se aumentar a conscientização sobre o capacitismo, desafiar estereótipos, além de promover o respeito e a inclusão.
Essas dicas são fundamentais para empresas que desejam ser inclusivas, em todos os aspectos. Inclusive, se quiser entender um pouco mais sobre os direitos das pessoas com deficiência, acesse a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146, de julho de 2015).