CONARH 2025: Pessoas, Cultura e Liderança tudo na era da IA
O CONARH 2025 explorou o impacto da IA no RH, destacando upskilling, reskilling, cultura e liderança. O foco foi reinventar talentos, fortalecer habilidades humanas e a confiança, além de usar dados para um RH estratégico. A IA é um catalisador, mas a essência humana permanece para o futuro do trabalho
O CONARH 2025 aconteceu na semana passada, nos dias 19, 20 e 21 de agosto, e trouxe ideias e provocações pertinentes a todo profissional de Recursos Humanos.
Conhecido como um dos maiores congressos mundiais para RH, o evento contou com diversos nomes de referência da gestão de pessoas. As discussões giraram em torno de temas como: upskilling e reskilling, cultura organizacional, habilidades, poder das pessoas e a era da inteligência artificial.
E é claro que a Gupy não ficou de fora! Além dos conteúdos em nosso estande, estivemos presentes na plenária e trouxemos para vocês os principais assuntos que marcaram presença no evento. Acompanhe com a gente!
1. Reinventando Talentos para a Era da IA: A Essência do Upskilling e Reskilling
No primeiro dia do evento, um dos destaques foi o bate-papo “Upskiling e Reskiling na Era da IA: Preparando talentos”, que contou com a participação da Germanuela de Abreu - Vice-presidente Executiva de Pessoas & Ouvidoria do Banco Santander, do Gustavo Brito - Chief Learning Officer da Cognita Learning Lab e da Priscila Hernandez - Gerente de DHO & EX da Gol Linhas Aéreas.
A influência da Inteligência Artificial no mercado de trabalho e, especialmente, na gestão de pessoas, foi o cerne da discussão entre os participantes. Ficou evidente que a IA não é apenas uma ferramenta, mas uma força transformadora que convoca o RH a um papel mais analítico e estratégico.
Priscila destacou que, com milhões de novas funções surgindo e outras se tornando obsoletas, a necessidade de upskilling (aprimorar habilidades existentes) e reskilling (adquirir novas habilidades) se tornou urgente, exigindo uma velocidade exponencial na preparação das equipes para essa nova realidade.
Um ponto crucial abordado foi o papel da liderança nesse cenário. Germanuela enfatizou que as lideranças precisam abraçar a vulnerabilidade e experimentar, reconhecendo que nem todas as respostas estão disponíveis. A liderança moderna se afasta “daquele que sempre sabe”, para aquele que “sabe fazer as perguntas certas”, redefinindo assim a construção de estratégias.
Priscila complementou, afirmando que a capacidade de uma liderança de se colocar em uma posição vulnerável é diretamente proporcional à sua habilidade de fomentar a inovação e liderar pelo exemplo.
A personalização do aprendizado emergiu como um imperativo. Priscila defendeu o abandono das "soluções de prateleira" em favor de experiências de desenvolvimento adaptadas às lacunas individuais.
Gustavo, alertou para os riscos da "pedagogia do atalho" e da "pedagogia algorítmica", que podem levar a um conhecimento superficial e homogêneo, limitando a profundidade e a capacidade cognitiva. É fundamental que o aprendizado seja contextualizado e resolva problemas reais, evitando a uniformidade "bege" que desengaja as equipes.
Por fim, a palestra ressaltou a importância de um planejamento estratégico robusto e de uma cultura de aprendizagem sólida, a clareza sobre o "o quê", "por quê" e "qual resultado esperado" é essencial para qualquer ação.
Gustavo reforçou que sem essa definição, a empresa acumula informações desconexas. A IA foi comparada à "nova eletricidade" por Germanuela, sugerindo que ela transformará fundamentalmente as operações, liberando tempo de atividades redundantes, como reuniões desnecessárias.
Esse novo paradigma exige uma visão estratégica que seja transversal, profunda e analítica, preparando as organizações para navegar a ambidesteridade de inovar enquanto mantêm suas operações.
2. Navegando a Complexidade: A Era das Organizações Baseadas em Habilidades
No primeiro dia ainda, tivemos a palestra do americano Ravin Jesuthasan - Futurist, Author And Global Leader For Transformation Services, Mercer. Sobre Skills Powered Organization, ou em uma tradução literal: Organização Movida por Habilidades.
A economia global enfrenta um aumento significativo de riscos, levando as organizações a um cenário de complexidade sem precedentes, cerca de 70% da nossa economia está subindo em 300% no “seu risco” por conta de todos os fatores atuais.
Ravin destaca que, ao longo dos últimos 40 anos, a construção de negócios focou na escalabilidade em um mundo previsível. Contudo, a realidade atual exige agilidade, experimentação contínua e uma recalibragem constante para identificar o que funciona.
Nesse contexto, a Inteligência Artificial e a Automação deixam de ser meros facilitadores para se tornarem opções estratégicas cruciais, impulsionando a capacidade das organizações e dos indivíduos de se reinventarem.
No cerne dessa transformação, o trabalho, a experiência humana e, principalmente, o reconhecimento das habilidades ganham um papel fundamental. O mercado está evoluindo para um ecossistema com oportunidades de micro e macro escala, onde a habilidade se torna a moeda de troca mais valiosa.
Para prosperar, as empresas precisam redesenhar a forma como o trabalho é executado, permitindo que o talento flutue livremente e tenha os recursos necessários para um desenvolvimento contínuo. Além disso, é importante pensar em como expandir a oferta e a demanda de talentos, garantindo que a experiência de pessoas colaboradoras e freelancers seja equitativa e inclusiva.
Jesuthasan apresenta três modelos de trabalho que coexistem e moldarão o futuro das organizações: o trabalho fixo tradicional; o modelo de flexibilidade, que permite a expressão de habilidades em diversos domínios, com a gestão da capacidade de talentos por meio de marketplaces internos; e o "ágil com esteroides", onde os talentos se conectam a projetos específicos, independentemente de cargos fixos.
Nestes últimos modelos, as habilidades se consolidam como a moeda principal, conectando diretamente o talento ao trabalho e ao orçamento.
Para as lideranças de RH, o desafio e a oportunidade residem em orquestrar esses modelos para gerar um impacto exponencial em produtividade e eficiência. É vital criar visibilidade interna para as habilidades existentes, impulsionar o upskilling e reskilling, e realocar talentos para áreas onde possam ser mais efetivos.
Um exemplo prático é a criação de marketplaces internos de habilidades, onde algoritmos conectam talentos a projetos específicos, permitindo que lideranças acompanhem de perto o desempenho, consolidando um verdadeiro "modelo de fluxo" de talentos.
3. Pilares da Transformação Digital: Mentalidades e Habilidades para a Era da IA
A palestra do CONARH 2025, conduzida pelo professor e conselheiro Edney Souza que tem uma vasta experiência em tecnologia e inovação, mergulhou nos desafios e oportunidades da “Transformação Digital: Mentalidade, Cultura, Negócios e liderança na era digital".
Contextualizando o cenário atual como um "mundo BANI" (Frágil, Ansioso, Não Linear e Incompreensível), foi destacada a complexidade de gerenciar quatro gerações distintas no mercado de trabalho (Baby Boomers, X, Millennials, GEN Z).
A onipresença da IA, evidenciada pelos milhões de usuários do ChatGPT, e os desafios sociais, como o alto índice de burnout no Brasil, reforçam a urgência de compreender e adaptar-se a essa nova realidade.
A essência da transformação digital, conforme apresentado, vai muito além da simples adoção de novas tecnologias. Trata-se fundamentalmente de mudar hábitos, desmaterializar processos e aceitar que o "digital é deslugarizado", ou seja, não tem um espaço físico fixo, como exemplificado pelo home office e telemedicina.
Para prosperar nesse ambiente, são essenciais quatro mentalidades: UX (Experiência do Usuário), Programação, Dados e Storytelling. A palestra também sublinhou mudanças profundas nas prioridades organizacionais, com um movimento do foco no lucro para o propósito, da hierarquia para redes colaborativas, do controle para o empoderamento baseado em dados, do planejamento rígido para a experimentação contínua e da privacidade para a transparência.
O impacto da IA foi explorado não apenas em termos de automação, mas também em seus efeitos sobre a saúde mental e a tomada de decisões. Antes de automatizar, é importante otimizar processos existentes.
Mais crucial ainda é o desenvolvimento de um conjunto de habilidades e "letramentos" indispensáveis para o futuro: flexibilidade cognitiva para lidar com incertezas, pensamento crítico para questionar informações, empatia e comunicação para interações humanas eficazes, e criatividade para inovar além do que a IA pode fazer.
Letramentos em dados, IA, tecnologia, cibersegurança e inovação são, portanto, competências vitais!
Em resumo, a palestra serviu como um guia para a navegação na era da IA, que exige uma reinvenção contínua. Não basta apenas implementar novas ferramentas, é fundamental redefinir as mentalidades, a cultura organizacional e o papel da liderança.
As empresas que cultivarem um ambiente de adaptabilidade e investirem proativamente no desenvolvimento de novas competências estarão mais aptas a alavancar o potencial da IA para impulsionar o propósito, fomentar a colaboração e gerar inovação de maneira significativa, indo além da simples otimização de tarefas.
4. A Força do Talento na Era da IA: Mais Humanos do que Nunca
Ana Claudia Plihal, Presidente do LinkedIn Brasil e Sankar Venkatraman, LinkedIn Global Evangelist, falaram sobre “O poder das pessoas na era da inteligência artificial”.
Desde os primórdios, a humanidade tem demonstrado uma capacidade ímpar de inovar, desde a invenção da roda até a revolução industrial, impulsionada por uma insatisfação inerente e a busca incessante por aprimoramento.
A Inteligência Artificial representa a mais recente manifestação dessa engenhosidade. Inicialmente vista com ceticismo e temores de substituição massiva de empregos, a trajetória da IA – de planilhas eletrônicas a carros autônomos – têm redefinido seu papel. A realidade é que, como nos caixas de supermercado, a IA não substitui, mas sim redefine as funções, complementando a necessidade humana de interação e resolução de problemas complexos.
Nesse cenário de transformação contínua, o local de trabalho está evoluindo para um verdadeiro ambiente de aprendizado. A IA Generativa, em particular, impõe uma urgência sem precedentes na reinvenção de habilidades, exigindo que indivíduos e organizações se adaptem mais rapidamente do que nunca.
No entanto, há um desafio significativo: apenas uma pequena parcela das empresas investe em educação corporativa e fomenta uma cultura de aprendizado contínuo. Este investimento é crucial, pois, para o talento atual, o desenvolvimento e a oportunidade de aprender tornam-se fatores decisivos para engajamento e permanência.
A questão central não é se a máquina pode fazer tudo, mas sim como o ser humano pode ser ainda melhor com a ajuda da IA. Os palestrantes reforçam que a IA atua como uma aliada poderosa, amplificando as habilidades humanas e a capacidade de resolver problemas complexos.
Competências como pensamento crítico, inovação e a capacidade de colaborar são intrinsecamente humanas e insubstituíveis. As máquinas, por mais avançadas que sejam, são ferramentas que escalam e dão volume ao conhecimento e às crenças que já possuímos.
Diante desse panorama, o setor de Recursos Humanos assume um protagonismo sem precedentes. O mundo volta seus olhos para o RH como o modelo para preparar e desenvolver talentos para o futuro, compreendendo que a IA é uma extensão da nossa própria capacidade.
O próximo passo crucial é redefinir o conceito de "trabalho", focando não apenas em tarefas, mas nas competências e habilidades que os profissionais possuem. A contratação e o desenvolvimento devem refletir essa mentalidade, assegurando que, ao entrar em uma empresa, a pessoa colaboradora encontre um ambiente de constante aprendizado e redefinição de valor.
5. O Coração da Empresa na Era Pós-Digital: O Poder da Cultura e Liderança
Aspen Andersen, Vp de Gente, Tecnologia e ESG da Vibra Energia S.A, Karen Fontana Chief of Culture and Strategy Officer da FutureBrand São Paulo e João Roncati, CEO da People Strategy, conversaram sobre a “Cultura Organizacional da Era Pós Digital”.
Mesmo com a ascensão da Inteligência Artificial e a proliferação de algoritmos, a cultura organizacional permanece como a alma e o diferencial de qualquer empresa. A palestra destacou a importância de posicionar o setor de RH como um catalisador na formação de pessoas e, sobretudo, de lideranças.
O cenário atual, marcado pela escassez de mão de obra qualificada e pela necessidade de um novo "contrato de valor" com a pessoa colaboradora, exige que as empresas invistam proativamente no desenvolvimento e na adaptabilidade de seus talentos, como evidenciado pela crescente mobilidade interna.
Um pilar crucial para o engajamento e a sustentabilidade de uma organização reside na média gestão. No entanto, dados alarmantes sobre desengajamento e alta rotatividade nesse nível hierárquico acendem um alerta: como construir e manter equipes coesas quando a liderança está em constante fluxo?
A qualidade da liderança é diretamente proporcional à capacidade de mobilizar e inspirar. Nesse contexto, a palestra enfatizou a urgência de construir uma cultura de colaboração, onde os erros são vistos como oportunidades de aprendizado e a comunicação se torna uma via de mão dupla, com a responsabilidade de garantir que a mensagem seja não apenas emitida, mas verdadeiramente compreendida.
O RH se consolida como o especialista em pessoas, transcendendo seu papel tradicional para se tornar um agente estratégico. Isso implica em um entendimento profundo das tendências, das expectativas de cada geração e das nuances que caracterizam o público interno.
Utilizar dados para compreender a pessoa colaboradora, suas necessidades e seu bem-estar não é apenas uma questão de eficiência, mas um imperativo para construir relacionamentos sólidos e duradouros. No entanto, apesar da hiperconectividade, enfrentamos o paradoxo da pouca paciência para a escuta ativa, um obstáculo significativo na construção de uma cultura forte e empática.
A liderança é, em sua essência, a cultura viva de uma empresa. As ações e comportamentos das lideranças são o espelho dos valores organizacionais, mobilizando pessoas em direção a resultados e, mais importante, demonstrando cuidado genuíno e escuta ativa.
A IA neste cenário, atua como um catalisador, ampliando as capacidades humanas e fomentando uma transformação que é, em sua essência, humana. A resolução coletiva de problemas complexos, o pensamento crítico e a capacidade inata de inovar continuam sendo os diferenciais humanos.
Para o futuro, é inegável que os papéis sejam redefinidos com foco em competências e habilidades, garantindo que a pessoa colaboradora perceba seu trabalho como um contínuo aprendizado e evolução.
6. O Poder da Confiança: Cultura de Feedback e Accountability em Tempos de Incerteza
A palestra “Cultura de Feedback e Accountability: Construindo Confiança em Ambientes Incertos”, foi ministrada por Fernando Sollak, Diretor Corporativo de Relações Humanas da TOTVS, Rosana Fortes, Country Lead da Strava e Silene Rodrigues, Diretora Sênior de Recursos Humanos da Adidas.
A palestra destacou que "Accountability" transcende a mera responsabilidade, configurando-se como um pilar essencial na construção de relacionamentos e na edificação de confiança genuína, onde o compromisso com o outro se torna primordial.
Essa confiança mútua floresce em ambientes que valorizam a vulnerabilidade, permitindo que lideranças e pessoas colaboradoras se mostrem autênticas e imperfeitas. É a partir deste alicerce que a cultura organizacional ganha vida, com um propósito claro que orienta as ações e fortalece os laços, tornando a confiança um elemento inegociável, especialmente em times de alta performance.
A média gestão emerge como um elo crucial nesse processo. Seu engajamento é importante para o desenvolvimento e a sustentabilidade das equipes, sendo a liderança a principal guardiã da segurança psicológica, um ambiente onde a expressão livre de ideias, dúvidas e até erros é acolhida sem medo de julgamentos.
Esse ambiente é fundamental para a inovação e para que o aprendizado seja uma via de mão dupla entre lideranças e liderados. Os desafios se ampliam em contextos de aquisição e globalização, onde a integração de culturas diversas exige cuidado, transparência e um profundo respeito pelas nuances culturais.
Em um cenário de lacuna tecnológica e diversidade geracional, a valorização das diferenças torna-se obrigatória. Profissionais de tecnologia, com sua demanda global, e a convivência de múltiplas gerações no ambiente de trabalho exigem que as empresas pensem em como formar, capacitar e integrar esses talentos.
A palestra sublinha que o respeito e a compreensão das vivências e perspectivas únicas de cada pessoa são a base para construir uma colaboração eficaz. A tolerância ao erro, vista como uma oportunidade de aprendizado, é indispensável para fomentar a inovação, gerando um ciclo virtuoso onde a troca de conhecimentos entre gerações mais experientes e os nativos digitais enriquece a todos.
Nesse contexto dinâmico, o RH assume uma responsabilidade gigantesca e estratégica. É o RH que precisa ser o especialista em pessoas, utilizando dados para compreender as necessidades das pessoas colaboradoras e impulsionar transformações significativas. A liderança é a cultura viva da empresa, e suas ações e comportamentos são o espelho do que a organização valoriza.
A Inteligência Artificial é um estimulante poderoso, ampliando habilidades e processos, mas a verdadeira transformação é intrinsecamente humana. Ela reside na capacidade de mobilizar pessoas, escutar ativamente, importar-se genuinamente e redefinir o trabalho para focar nas competências e no aprendizado contínuo, garantindo que o valor humano seja sempre o protagonista!
E aí, as pautas do CONARH 2025 combinam com a sua realidade? Conta pra gente, qual dessas tendências de RH você acha a mais impactante para o futuro profissional no Brasil?
Participar de eventos é uma ótima maneira de se manter atualizado nas principais tendências de mercado, mas também para conhecer quais estratégias os RHs que são referência estão aplicando hoje.
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