Em uma peça de teatro, atores e diretores precisam estar em sintonia para garantir o espetáculo em cena. Essa é uma comparação simples e capaz de resumir como deve ser a atuação da área de Recursos Humanos e liderança de uma empresa.
Estamos falando de uma parceria orientada pela cultura organizacional e pelas metas do negócio. A proximidade e a relação são essenciais para garantir a transmissão eficaz das mensagens até a ponta dos processos, para diversas equipes e diferentes colaboradores.
É como se o RH fosse uma força motriz. A conexão com os líderes se estabelece a partir de atividades de desenvolvimento, apoio, referência, confiança e abertura.
Neste artigo, propomos uma forma estratégica de trabalho, baseada na visão de que pessoas, liderança e resultados são pilares fundamentais para a conquista de excelência em performance.
Vamos discutir a ligação entre RH e gestores, as transformações geradas por parcerias bem fundamentadas nesse âmbito e fecharemos o conteúdo com dicas práticas para transformar a realidade da sua organização. Acompanhe!
Em tempos de transformação, com mudanças em curso e a acelerada digitalização das empresas, muitas reviravoltas surpreenderam o mercado. Com mudanças na força de trabalho, home office, revisão da estrutura organizacional e do propósito de muitas empresas, será que a relação entre Recursos Humanos e liderança continua a mesma? Depende.
Se o seu time de RH já tem um perfil mais participativo, contribui para o melhor alinhamento entre a força de trabalho e os objetivos da empresa, lado a lado com líderes, nada mudou.
Agora, se a sua organização ainda trabalha em silos, com equipes isoladas e focadas cada uma em suas metas, muita coisa mudou ou precisa mudar. E essa transformação deve ser motivada pela área de Recursos Humanos.
A complexidade dos desafios atuais exige ações em rede. A visão holística dos profissionais de RH é imprescindível para reações rápidas e inovadoras, capazes de criar oportunidades diante de um problema.
São os gestores de Recursos Humanos os responsáveis por imaginarem como a estratégia da empresa será executada, interligando talentos e habilidades necessárias e analisando qualidades a serem desenvolvidas nos líderes para maximizar o potencial da empresa.
Mais do que nunca, é importante identificar tendências, ocasionais mudanças estruturais nos times e capacidades essenciais esperadas pelo mercado no presente e no futuro.
Trouxemos aqui, por exemplo, um dado atual: de acordo com a Mckinsey, 85% das empresas aceleraram o processo de digitalização após a pandemia, além de apresentarem aumento de 48% na digitalização de canais de clientes. Qual é a situação da sua empresa? Seu time de RH e as lideranças da organização já abordaram esse assunto e adotaram soluções para otimizar a rotina da empresa neste novo cenário?
Um trabalho em conjunto entre Recursos Humanos e líderes proporciona maior foco e disseminação dos objetivos corporativos, melhora a experiência dos colaboradores e impulsiona a autonomia para tomadas de decisão da liderança. Falaremos mais sobre isso na sequência.
Quando Recursos Humanos e gestores trabalham de forma cooperativa na empresa, os benefícios se estendem a toda corporação. Estamos falando de uma influência direta em aspectos como performance das equipes, equilíbrio do clima organizacional e consequente reforço da cultura do negócio.
Descentralizar é a palavra da vez. A capilaridade de resoluções diluídas a toda uma equipe de liderança tem o potencial vital para distribuir todas as diretrizes determinantes para que funções e metas, à distância ou não, sejam cumpridas.
Em algumas empresas, a aposta é manter um business partner em cada time - que é o caso da Energisa - ou ainda uma pessoa com essa função para toda a organização. Esse é um modelo praticado desde os anos 80, mas que passou a ser mais visado recentemente: trata-se de um profissional que detém todo conhecimento estratégico da empresa, e que vivencia de perto o dia a dia das equipes. Por isso, tem expertise para apontar treinamentos, auxiliar em processos seletivos e trazer economias de recursos.
Independentemente do modo como isso será feito, é primordial levar o olhar do RH para os times. A seguir, relacionamos alguns pontos de destaque que podem ser observados em empresas com um time de RH ativo e consultivo.
Se RH e líderes têm trocas constantes, esse contato possibilita clareza estratégica, recrutamento e seleção de talentos compatíveis com as necessidades e perfil dos times, visão a médio e longo prazos sobre o andamento das atividades e uma comunicação interna efetiva.
É claro que imprevistos podem surgir, mas perceba que não há espaço para nenhuma interferência passível de atrapalhar o rendimento dos colaboradores. De acordo com a Mckinsey, negócios em que o RH facilita uma experiência positiva para os funcionários têm 1,3 vezes mais probabilidade de alcançar desempenho superior.
Para enraizar os pilares da cultura de uma empresa em sua rotina, não há opção tão eficiente quanto garantir a transmissão dessa mensagem por camadas, ou seja, partindo do RH, passando pelos líderes e chegando enfim a todos os profissionais da organização.
Quanto mais envolvimento e harmonia houver na relação entre Recursos Humanos e liderança, mais forte será o reflexo da cultura no restante da empresa. E vale ressaltar: de acordo com Jacob Morgan, especialista em Employee Experience, a cultura representa 40% entre os pontos que compõem uma boa experiência do colaborador na empresa.
A segurança é uma premissa para tomadas de decisão ágeis e para que o time reconheça no líder uma figura de apoio, uma referência. A proximidade do RH aos líderes permitirá detectar traços de aprimoramento e a realização de planos de desenvolvimento centrados em especificidades de cada liderança ou de acordo com o momento da empresa.
Com estratégia e objetivos claros, confiança estabelecida entre as camadas da empresa, projetos bem direcionados e líderes prontos para os desafios de cada fase da organização, toda a equipe tende a trabalhar de forma engajada, fato esse que favorece boas avaliações de clima.
Queremos deixar claro que não estamos descrevendo uma realidade simples. Sabemos quão complexo é conquistar o que falamos até aqui e das variantes que podem atrapalhar esse caminho.
Como os líderes são preparados na sua empresa? De que forma são definidas prioridades e responsáveis? Como o RH está posicionado dentro da organização? São perguntas que devem ser feitas antes de qualquer intenção de resultado.
Então, veremos a seguir o que pode ajudar a chegar nesse status e promover tantos efeitos bons no ambiente de trabalho.
A conscientização sobre o papel do RH no desenvolvimento da liderança é o primeiro passo para direcionar uma parcela de tempo e energia do time a fim de executar ações de engajamento. Em contrapartida, os gestores da empresa precisam ter a mentalidade de coparticipação e entenderem a responsabilidade nessa parceria.
É papel do RH prestar apoio ao líder, ajudar a gestão a acontecer, estabelecer políticas e governança. Só assim é possível fazer com que a gestão do clima e engajamento possa perpetuar como um item da cultura, e não como um feito do escopo do RH.
Então, vamos às boas práticas que recomendamos:
A área de Recursos Humanos tem que assumir a curadoria da cultura organizacional da empresa. Busque informações e saiba o que está acontecendo “por trás das cortinas”, o que afeta as pessoas. Ouça todas e todos da empresa e monitore dados com frequência, como propõe por exemplo a metodologia da pesquisa contínua por pulso;
Mentorias internas muitas vezes são mais proveitosas do que benchmarkings. Lideranças integrantes de uma mesma cultura podem trazer proposições que estejam de acordo com a realidade da empresa;
O RH tem visão global sobre os assuntos e acontecimentos da organização, enquanto os líderes vivenciam experiências em menor amplitude, dentro de cada equipe. Essa troca tem potencial para o surgimento de boas ideias de ações!
É função do gestor de RH ter conhecimento sobre os planos de ação que estão sendo colocados em prática, sobre os indicadores mais frequentes em cada área, bem como principais feedbacks recebidos e como tudo isso pode refletir na estrutura da empresa;
Dialogar sobre estratégias, objetivos e, principalmente, sobre indicadores e ações voltadas ao clima organizacional em pautas pré-alinhadas com os líderes é uma ação essencial para envolver toda a equipe nessa causa;
Os líderes precisam perceber que dedicar agenda para assuntos e atividades de engajamento é um investimento em prol da própria liderança. Reforce essa relevância em todas as oportunidades de conversa ou inclua novos rituais na rotina;
Um dado publicado pela Harvard Business Review afirma que mais de 60% dos profissionais consideram a confiança dos gestores um ponto condicional para sua satisfação. Praticar atitudes que demonstrem confiança com os líderes da empresa fará com que eles se atentem a repetir essas ações com os times;
Diferentes visões resultam em propostas inovadoras. Uma pesquisa da Gartner mostrou que somente 44% dos colaboradores afirmam confiarem nos líderes e gerentes para enfrentar bem uma crise, ao passo que a ausência de diversidade está no topo das preocupações de liderança dos gestores de RH. Combater preconceitos e aumentar o repertório de talentos contribuirá para lideranças mais fortes e unidas.
Decisões orientadas por dados são precisas, economizam tempo, tentativas e desgastes do time. Seja um apoio dos líderes neste sentido. O RH pode viabilizar investimentos e trazer melhorias para a gestão das pessoas com ferramentas especializadas em gestão.
O fato é que os movimentos do mercado pedem uma ressignificação da área de Recursos Humanos nas organizações. Mais do que processos, os profissionais precisam se voltar às experiências que estão sendo criadas.
Ainda assim, nenhuma solução tecnológica é capaz de criar o principal pilar para que todas as outras iniciativas tenham êxito: a confiança.