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Síndrome de Burnout: o que é, diferença do cansaço e como evitar

Escrito por Mariana Dias | GUPY | 08/11/2023

 

Saiba o que fazer na sua empresa para prevenir o transtorno de exaustão profissional!

Desde 2022, a Síndrome de Burnout entrou na versão atualizada da Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS). É a primeira vez que o esgotamento profissional faz parte da lista. 

O que é um marco para entidades que fomentam a discussão sobre saúde mental no ambiente corporativo. Em contribuição aos alertas gerados pelo aumento desse problema entre profissionais de áreas diversas, preparamos este artigo completo sobre o tema.

A atuação estratégica do time de Recursos Humanos junto a iniciativas de prevenção pode mudar a vida de muitos talentos da empresa, e por isso a conscientização é tão importante.

Dados de uma pesquisa divulgada pela representação brasileira da International Stress Management Association (ISMA) mostram que 72% das pessoas do país, ativas no mercado de trabalho, sofrem com alguma sequela de estresse e 32% delas têm sintomas de Burnout.

São cerca de 60 milhões de pessoas, se seguirmos a referência da projeção do IBGE. 

Para ajudar a reverter esse quadro, leia este conteúdo e compreenda o significado dessa doença: as causas, os sintomas, os impactos que ela pode ter nos negócios e as recomendações de ações preventivas para evitar esse problema. Confira a seguir!

O que é Síndrome de Burnout

Se partirmos da tradução, “burn” quer dizer “queima”, e “out” quer dizer “exterior”. O significado literal da expressão faz uma analogia à combustão total da gasolina de um carro, até esgotar o tanque. 

Esgotamento é a palavra-chave.

A definição da doença, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, é um transtorno emocional gerado pelo sentimento de cansaço provocado por situações de elevada competitividade, exigência e responsabilidade no trabalho. 

Geralmente, se manifesta em profissionais com cargas excessivas no emprego, com rotinas de atividades realizadas sob pressão ou com objetivos difíceis, diante dos quais a pessoa pode se sentir incapaz de atingi-los.

Quais são os sintomas dessa doença?

Os sintomas vão desde fatores emocionais ao desenvolvimento de problemas físicos. Confira no quadro abaixo alguns dos mais frequentes, detalhados pelo site do Ministério da Saúde:

Por conta de alguns sintomas comuns e leves, as pessoas tendem a achar que o problema é passageiro. Porém, a piora pode ser rápida e as complicações só podem ser evitadas com o diagnóstico e o tratamento corretos.

Trata-se de uma doença com grandes chances de se desenvolver para quadros sérios de depressão. Por isso, em caso de qualquer desconfiança, é primordial procurar ajuda de um psicólogo ou de um psiquiatra.

Por que a Síndrome de Burnout é diferente do estresse?

O estresse é uma reação fisiológica ocasionada por circunstâncias do dia a dia. Enquanto isso, o esgotamento profissional, além de ser um estresse crônico, está ligado diretamente a efeitos relacionados à vida profissional. 

Os sintomas são semelhantes aos da depressão, que é um agravamento da doença, e ao da ansiedade. O que torna comuns erros de diagnóstico. Porém, de acordo com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), existem três sinais fundamentais para a distinção:

  • Exaustão (mesmo com férias ou afastamentos, o colaborador continua relatando desgaste);
  • Ceticismo (falta de interesse e indiferença diante dos resultados);
  • Ineficácia (sentimento de desqualificação e improdutividade).

Dados sobre a Síndrome de Burnout no Brasil e no mundo

O pior índice — tanto em números quanto em comportamento — da doença no Brasil, ainda de acordo com as estatísticas divulgadas pela ISMA-BR, é que 92% das pessoas que desenvolvem a síndrome continuam trabalhando. 

Especialistas acreditam que o número de Burnout tenha aumentado em, pelo menos, 10% nos últimos anos, segundo estimativa da professora de psicologia da Universidade da Califórnia, Christina Malasch.

No ranking mundial organizado pela ISMA, o Brasil aparece à frente da China e dos Estados Unidos em uma lista de oito países.

Ficamos atrás apenas do Japão, onde 70% da população apresenta sintomas da doença.

Informações publicadas pelo Movimento Mente em Foco, do Pacto Global Rede Brasil, descrevem que, em seis anos, o percentual de brasileiros que declara ter sido diagnosticado com depressão por profissionais de saúde mental subiu 34,2%. 

O cenário instaurado pela pandemia parece ter piorado muito essas métricas. Um levantamento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) apontou que, depois dela,  80% das pessoas no País se tornaram mais ansiosas.

Você já se perguntou alguma vez como está a sua equipe diante de tudo isso?

Você sabe como o transtorno de exaustão profissional se desenvolve? 

Estamos falando de um problema ligado à saúde mental que se desenvolve essencialmente por desequilíbrios na vida profissional das pessoas. Por isso, é classificado como uma síndrome ocupacional.

Algumas das ocupações mais afetadas por esse problema são jornalistas, policiais, professores, médicos e enfermeiros. Mas, não se engane: qualquer profissional está sujeito a esse distúrbio psíquico e alguns contextos podem desencadear os sintomas, como: 

  • Competição acirrada entre os colegas;
  • Cobrança excessiva por resultados;
  • Nível de responsabilidade exigido muito alto;
  • Acúmulo de funções ou tarefas.

Estamos falando de um ponto muito delicado pois, como gestor ou gestora, você pode achar que o nível de cobrança sobre as atividades está aceitável, ao passo que, para o liderado ou liderada, a percepção pode mudar bastante.

Por essa razão, o diálogo é sempre bem-vindo e muito importante!

Preste atenção nos sinais

A Síndrome de Burnout passa por vários estágios e não se desenvolve de um dia para o outro. É essencial notar as atitudes e desvios comportamentais dos membros da equipe a fim de detectar o mais rápido possível caso haja algo de errado.

No início, geralmente a pessoa se esquece de si mesma, abrindo mão de suas necessidades e de coisas que a agradam, diminuindo interações sociais, dormindo pouco e alimentando-se mal.  

Também é comum a transferência de conflitos, o nervosismo e o trabalho em primeiro plano, deixando amigos e familiares sempre para depois. Aspectos de negação sobre o problema, falta de personalidade e mudanças inesperadas de hábitos completam a combinação. 

Os comportamentos se estendem a todas as esferas de relação e podem interferir negativamente no dia a dia da empresa.

Como o Burnout afeta a empresa

Basta que uma pessoa do time esteja sofrendo com qualquer problema de saúde para que toda a rotina e o planejamento das atividades fuja à normalidade, correto? 

Assim como acontece quando há um problema de saúde mais comum — como uma gripe forte, por exemplo —, não é diferente se uma pessoa se encontra fora da sua estabilidade emocional. E todo gestor sabe o quanto um talento a menos faz diferença!

A primeira constatação que podemos fazer é que o rendimento do colaborador vai cair, o que pode levar ao mesmo efeito em todo o time. Com o sentimento de incapacidade e negação, comprometem-se a criatividade, habilidades e competências do indivíduo.

Além disso, a fase de isolamento — que citamos acima — influencia drasticamente a forma com que as interações de trabalho fluem — ou deveriam fluir.

Como prevenir o esgotamento profissional na empresa

Diminuir o estresse e a pressão no trabalho são o melhor caminho quando o assunto é a prevenção a problemas de saúde mental como a exaustão crônica profissional.

Desenvolver a segurança psicológica é determinante.  Para tanto, identificar, via pesquisas de clima organizacional contínuas, pontos de insatisfação da equipe ou oportunidades de melhoria são uma opção junto a outras iniciativas, como:

  • Incentive o time a praticar atividades de lazer e fugir da rotina diária;
  • Aborde o problema em reuniões coletivas e desmistifique o medo que as pessoas podem ter para falarem sobre o assunto;
  • Articule ações junto às lideranças para a conscientização sobre a importância da saúde mental;
  • Entenda qual é o nível de cobrança praticado entre as equipes da empresa e evite situações de sobrecarga ou pressão;
  • Desestimule jornadas de trabalho longas e cansativas (vale lembrar que horas extras em excesso são um indicativo relevante nesse ponto e devem ser evitadas);
  • Identifique prontamente e resolva qualquer tipo de conflito interno;
  • Garanta os equipamentos e materiais necessários para a execução das atividades;
  • Desconstrua o consenso (caso ele exista) de que relatar um problema desse tipo poderá gerar algum tipo de punição ou mesmo a demissão do funcionário;
  • Considere a possibilidade de contar com um psicólogo organizacional entre as rotinas corporativas.

Assegurar os pontos acima favorece condições básicas para proporcionar um ambiente humanizado, acolhedor e saudável dentro da corporação. Ainda assim, não há certeza de que o problema pode vir a afetar seu negócio.

E se acontecer? Como apoiar os colaboradores

A Síndrome de Burnout é um transtorno que demanda reconhecimento rápido para que tratamentos específicos possam ser eficazes.

A psicoterapia é o mais indicado, combinada a mudanças de hábito, relaxamento, atividades físicas e, em alguns casos, uso de medicamentos. 

É indicado instituir políticas de proteção e de revisão dos processos de rotina. Mas, se algo der errado e alguém do time apresentar qualquer sintoma de problemas ligados a desequilíbrios emocionais, pense imediatamente em estratégias para se aproximar e recomendar ajuda.

No caso da assistência de saúde pública, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), do Sistema Único de Saúde (SUS) é o canal indicado para tratamentos  desse tipo. Propor afastamento e descanso são saídas para propiciar ao colaborador a oportunidade de se cuidar.