Saiba o que fazer na sua empresa para prevenir o transtorno de exaustão profissional!
Desde 2022, a Síndrome de Burnout entrou na versão atualizada da Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS). É a primeira vez que o esgotamento profissional faz parte da lista.
O que é um marco para entidades que fomentam a discussão sobre saúde mental no ambiente corporativo. Em contribuição aos alertas gerados pelo aumento desse problema entre profissionais de áreas diversas, preparamos este artigo completo sobre o tema.
A atuação estratégica do time de Recursos Humanos junto a iniciativas de prevenção pode mudar a vida de muitos talentos da empresa, e por isso a conscientização é tão importante.
Dados de uma pesquisa divulgada pela representação brasileira da International Stress Management Association (ISMA) mostram que 72% das pessoas do país, ativas no mercado de trabalho, sofrem com alguma sequela de estresse e 32% delas têm sintomas de Burnout.
São cerca de 60 milhões de pessoas, se seguirmos a referência da projeção do IBGE.
Para ajudar a reverter esse quadro, leia este conteúdo e compreenda o significado dessa doença: as causas, os sintomas, os impactos que ela pode ter nos negócios e as recomendações de ações preventivas para evitar esse problema. Confira a seguir!
Se partirmos da tradução, “burn” quer dizer “queima”, e “out” quer dizer “exterior”. O significado literal da expressão faz uma analogia à combustão total da gasolina de um carro, até esgotar o tanque.
Esgotamento é a palavra-chave.
A definição da doença, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, é um transtorno emocional gerado pelo sentimento de cansaço provocado por situações de elevada competitividade, exigência e responsabilidade no trabalho.
Geralmente, se manifesta em profissionais com cargas excessivas no emprego, com rotinas de atividades realizadas sob pressão ou com objetivos difíceis, diante dos quais a pessoa pode se sentir incapaz de atingi-los.
Os sintomas vão desde fatores emocionais ao desenvolvimento de problemas físicos. Confira no quadro abaixo alguns dos mais frequentes, detalhados pelo site do Ministério da Saúde:
Por conta de alguns sintomas comuns e leves, as pessoas tendem a achar que o problema é passageiro. Porém, a piora pode ser rápida e as complicações só podem ser evitadas com o diagnóstico e o tratamento corretos.
Trata-se de uma doença com grandes chances de se desenvolver para quadros sérios de depressão. Por isso, em caso de qualquer desconfiança, é primordial procurar ajuda de um psicólogo ou de um psiquiatra.
O estresse é uma reação fisiológica ocasionada por circunstâncias do dia a dia. Enquanto isso, o esgotamento profissional, além de ser um estresse crônico, está ligado diretamente a efeitos relacionados à vida profissional.
Os sintomas são semelhantes aos da depressão, que é um agravamento da doença, e ao da ansiedade. O que torna comuns erros de diagnóstico. Porém, de acordo com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), existem três sinais fundamentais para a distinção:
O pior índice — tanto em números quanto em comportamento — da doença no Brasil, ainda de acordo com as estatísticas divulgadas pela ISMA-BR, é que 92% das pessoas que desenvolvem a síndrome continuam trabalhando.
Especialistas acreditam que o número de Burnout tenha aumentado em, pelo menos, 10% nos últimos anos, segundo estimativa da professora de psicologia da Universidade da Califórnia, Christina Malasch.
No ranking mundial organizado pela ISMA, o Brasil aparece à frente da China e dos Estados Unidos em uma lista de oito países.
Ficamos atrás apenas do Japão, onde 70% da população apresenta sintomas da doença.
Informações publicadas pelo Movimento Mente em Foco, do Pacto Global Rede Brasil, descrevem que, em seis anos, o percentual de brasileiros que declara ter sido diagnosticado com depressão por profissionais de saúde mental subiu 34,2%.
O cenário instaurado pela pandemia parece ter piorado muito essas métricas. Um levantamento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) apontou que, depois dela, 80% das pessoas no País se tornaram mais ansiosas.
Você já se perguntou alguma vez como está a sua equipe diante de tudo isso?
Você sabe como o transtorno de exaustão profissional se desenvolve?
Estamos falando de um problema ligado à saúde mental que se desenvolve essencialmente por desequilíbrios na vida profissional das pessoas. Por isso, é classificado como uma síndrome ocupacional.
Algumas das ocupações mais afetadas por esse problema são jornalistas, policiais, professores, médicos e enfermeiros. Mas, não se engane: qualquer profissional está sujeito a esse distúrbio psíquico e alguns contextos podem desencadear os sintomas, como:
Estamos falando de um ponto muito delicado pois, como gestor ou gestora, você pode achar que o nível de cobrança sobre as atividades está aceitável, ao passo que, para o liderado ou liderada, a percepção pode mudar bastante.
Por essa razão, o diálogo é sempre bem-vindo e muito importante!
A Síndrome de Burnout passa por vários estágios e não se desenvolve de um dia para o outro. É essencial notar as atitudes e desvios comportamentais dos membros da equipe a fim de detectar o mais rápido possível caso haja algo de errado.
No início, geralmente a pessoa se esquece de si mesma, abrindo mão de suas necessidades e de coisas que a agradam, diminuindo interações sociais, dormindo pouco e alimentando-se mal.
Também é comum a transferência de conflitos, o nervosismo e o trabalho em primeiro plano, deixando amigos e familiares sempre para depois. Aspectos de negação sobre o problema, falta de personalidade e mudanças inesperadas de hábitos completam a combinação.
Os comportamentos se estendem a todas as esferas de relação e podem interferir negativamente no dia a dia da empresa.
Basta que uma pessoa do time esteja sofrendo com qualquer problema de saúde para que toda a rotina e o planejamento das atividades fuja à normalidade, correto?
Assim como acontece quando há um problema de saúde mais comum — como uma gripe forte, por exemplo —, não é diferente se uma pessoa se encontra fora da sua estabilidade emocional. E todo gestor sabe o quanto um talento a menos faz diferença!
A primeira constatação que podemos fazer é que o rendimento do colaborador vai cair, o que pode levar ao mesmo efeito em todo o time. Com o sentimento de incapacidade e negação, comprometem-se a criatividade, habilidades e competências do indivíduo.
Além disso, a fase de isolamento — que citamos acima — influencia drasticamente a forma com que as interações de trabalho fluem — ou deveriam fluir.
Diminuir o estresse e a pressão no trabalho são o melhor caminho quando o assunto é a prevenção a problemas de saúde mental como a exaustão crônica profissional.
Desenvolver a segurança psicológica é determinante. Para tanto, identificar, via pesquisas de clima organizacional contínuas, pontos de insatisfação da equipe ou oportunidades de melhoria são uma opção junto a outras iniciativas, como:
Assegurar os pontos acima favorece condições básicas para proporcionar um ambiente humanizado, acolhedor e saudável dentro da corporação. Ainda assim, não há certeza de que o problema pode vir a afetar seu negócio.
A Síndrome de Burnout é um transtorno que demanda reconhecimento rápido para que tratamentos específicos possam ser eficazes.
A psicoterapia é o mais indicado, combinada a mudanças de hábito, relaxamento, atividades físicas e, em alguns casos, uso de medicamentos.
É indicado instituir políticas de proteção e de revisão dos processos de rotina. Mas, se algo der errado e alguém do time apresentar qualquer sintoma de problemas ligados a desequilíbrios emocionais, pense imediatamente em estratégias para se aproximar e recomendar ajuda.
No caso da assistência de saúde pública, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), do Sistema Único de Saúde (SUS) é o canal indicado para tratamentos desse tipo. Propor afastamento e descanso são saídas para propiciar ao colaborador a oportunidade de se cuidar.