Nós profissionais de Recursos Humanos, ou RH para quem tem uma certa intimidade, já somos tão cobrados pelos títulos que assumimos, não é mesmo?
E pra quem acha que o termo “recursos humanos” é ultrapassado, é só entrar no túnel do tempo pra perceber que o tempo do “departamento de pessoal” não está muito distante. Em muitas empresas o nome já nem é mais esse: Gente, Talentos, Pessoas substituem os Recursos.
Mas os títulos permanecem.
É certo que todos carregam uma certa poesia, o que diminui o peso e continua conferindo um ar leve e até romântico à área de RH – ou chame como quiser.
E cuidar de gente é um objetivo tão humano, que me faz levantar bandeira e defender os Recursos Humanos como o nome mais significativo e completo nas trilhas do Gupy Conecta.
Especialmente quando olhamos para o futuro do trabalho e das organizações.
Cada vez mais, é a nossa capacidade de sermos humanos que vai nos permitir contribuir com outras pessoas, outros seres igualmente humanos, para construirmos juntos um mundo melhor para todas as pessoas.
Vamos entender humanos como o contrário de máquinas ou de pensamentos e atitudes mecanizados. Vamos perceber que a humanidade que esperamos encontrar nas pessoas é aquela que libertamos com o acesso à educação e a conscientização sobre o papel de toda e cada pessoa na sociedade em que vivemos.
É nesse contexto que o “RH do futuro” é mais do que um novo título, é uma certeza de que alguém dentro da organização vai olhar para tudo o que está acontecendo no mundo e traduzir os movimentos da sociedade em atributos da cultura da organização.
Atributos que favoreçam a construção de uma cultura que valorize o respeito ao ser humano; que estabeleça bases comuns de entendimento a partir da colaboração; que estimule as pessoas a serem quem são, deixando que as diferenças sejam uma de suas maiores fortalezas. Uma cultura, enfim, que permita a criação de um ambiente seguro para todas as pessoas serem quem são e propício ao desenvolvimento de novas ideias e talentos.
Segundo pesquisa realizada pela FourAll em 2020, o RH é a área que lidera mais de 56% dos projetos de Diversidade, Equidade e Inclusão já iniciados pelas organizações, onde 98% das pessoas reafirma a relevância do tema.
Outras conclusões relevantes da mesma pesquisa afirmam que, com relação ao desenvolvimento de um ambiente seguro e inclusivo, percebe-se uma preocupação com alguns comportamentos e atributos claramente associados à cultura organizacional:
Eis aqui um verdadeiro mantra de RH. Com tudo o que já vimos, é claro que essa é a área mais cobrada pelo exemplo de conduta coerente aos valores pregados.
Cobra-se que RH seja o guardião dos valores, o exemplo de boas práticas e que assuma a liderança até mesmo frente à liderança da organização. Walk the talk é colocar em prática tudo o que é dito.
Aqueles atributos que traduzem a mudança de comportamento da sociedade e que foram incorporados à cultura? Walk the talk, RH! Mas como? Seja a mudança que você quer ver no mundo!
Não parece fácil. E não é mesmo. Cabe ao RH liderar esse processo de mudança pelo meio da pirâmide, com acesso ao topo e à base.
No topo fica a Alta Liderança, que vai ser cobrada também e que tem o importante papel de inspirar a organização a querer mudar.
Na base, onde está a maior quantidade de pessoas, é onde será possível gerar a onda e iniciar o movimento de mudança.
Sim, é a base que movimenta a mudança, inspirada pelo exemplo do topo da pirâmide a partir do estímulo que vem do meio. E em ondas, o movimento de mudança acontece.
Mas você ainda se pergunta o que é preciso desenvolver para ser um RH do futuro?
Bem, educar-se para educar é sempre um primeiro passo. Já que se espera do RH essa liderança no processo de mudança da organização, sem dúvida, a primeira coisa a fazer é buscar atividades que permitam tomar consciência do que é preciso fazer.
A Mariana Dias, CEO da Gupy, vai falar sobre isso em sua palestra no Gupy Conecta 2021: “Gente que faz a diferença: um futuro mais justo, diverso e inclusivo está em nossas mãos”.
Nós da FourAll somos patrocinadores e não vamos deixar ninguém pra trás! Se pudermos resumir em uma competência a trabalhar nesse cenário, fica aqui a dica: inteligência emocional é a chave.
A dificuldade de lidar com a mudança é um dos problemas mais comuns entre gestores de pessoas, segundo pesquisa do Center for Creative Leadership citada no livro “Inteligência Emocional na gestão de resultados”, de Lee Gardenswartz e Anita Rowe, duas especialistas em gestão da diversidade que se juntaram ao professor Jorge Cherbosque neste trabalho.
As emoções e sentimentos são importantes motores neste processo de constante adequação ao mundo em que vivemos, em especial no que tange à interação com outras pessoas.
Como aprendemos a lidar com as outras pessoas? E, mais importante ainda, como nos preparamos para influenciar e educar pessoas para que respeitem esse ambiente seguro e diverso que queremos construir?
Podemos começar por gerenciar nossas emoções em 5 passos para a Inteligência Emocional:
Aprenda o vocabulário de emoções para que possa identificar com precisão o que você está sentindo. Ser capaz de admitir e nomear o sentimento é o primeiro passo.
Lembre-se que a diversidade aparece para você como algo diferente do que você considera um padrão – e isso pode lhe gerar sentimentos que devem ser identificados para que possam ser tratados.
Olhe dentro de você para descobrir o que está acontecendo. Por que você está reagindo dessa maneira? Investigar a si mesmo permitirá que você preveja suas próprias reações.
Se você identificar a diferença de outra pessoa como uma “ameaça ao seu padrão”, isso pode lhe causar estranhamento e, consequentemente, afastamento. Mas você não deve se afastar do que deve respeitar.
Gerencie sua resposta emocional. Depois de conhecer e compreender o sentimento, você precisa lidar com ele. É neste ponto que você reconhece suas opções e faz escolhas.
Esta é a etapa que garante que você está no comando de suas emoções, em vez de ser direcionado por elas.
Deixe os outros saberem como você se sente, isso é fundamental para que construam uma relação honesta.
Uma boa comunicação ajuda a eliminar dúvidas e as mensagens confusas que são muito comuns. Ajuda também a construir confiança e abertura por meio da transparência.
Use o que você sabe sobre seus sentimentos e os sentimentos dos outros.
Esta é a etapa final para garantir que você está lidando bem com as suas emoções e traduzindo-as em ações coerentes com a mensagem que quer passar. Walk the talk, finalmente.
Em resumo, podemos afirmar que nós, seres humanos, precisamos apenas controlar o nosso mundo (e suas fronteiras) e garantir aprovação (de nós mesmos e das outras pessoas).
Lidar com a diversidade nos desafia em relação a estas duas necessidades – ditas – básicas. A nossa sensação de segurança é impactada especialmente pela forma como lidamos com ideias, práticas ou hábitos diferentes dos nossos.
Uma mente aberta e menos disposta a julgamentos ajuda a perceber valor em outras perspectivas.
E, por fim, ter um mindset de crescimento ou fluido, não rígido, ajuda a vislumbrar um cenário em que as expectativas diferenciadas somam mais do que ameaçam. Perguntar e se disponibilizar para ouvir com atenção pode ser um bom começo.
Para saber mais sobre o futuro do trabalho, veja o Relatório “Tendências de Empregabilidade 2024”, com dados, análises e insights sobre o Panorama da Empregabilidade brasileira e de Diversidade e Inclusão, além de Critérios e Habilidades mais solicitadas e os principais aprendizados.