Neste 3º artigo relacionado ao Programa de Comunicação Não Violenta: construindo uma cultura de feedback referência, que temos desenvolvido com a liderança da Gupy, trataremos do tema da empatia ou, também chamada na CNV, de escuta profunda.
E para começarmos pode ser bom você fazer uma pausa de 1 minuto e, quem sabe até fechar seus olhos para se perguntar: “como estou agora? Como estou me sentindo? Do que estou precisando agora?”. Com essa pequena pausa é possível que você tenha mais presença e inteireza para ler e absorver os conteúdos deste artigo.
Então começo te perguntando:
A resposta clássica que escuto de muita gente é que empatia é se colocar no lugar do outro e que, por estarmos numa cultura que reforça o individualismo e egoísmo, não há muitas pessoas assim ao nosso redor, mas muitas pessoas querem ser mais empáticas e não sabem como.
A boa notícia é que podemos desenvolver essa habilidade e a CNV nos oferece um caminho bem didático e compreensível para seguirmos nesse caminho e aprimorarmos nossa capacidade de, genuinamente, irmos até o mundo do outro e compreendermos sua perspectiva com respeito, ainda que seja bem diferente da nossa.
Mas se muita gente me diz que quer ser empática, sabe a definição desta palavra que está tão na moda e, ao mesmo tempo, não encontra muita gente empática ao seu redor, então precisamos nos perguntar o que acontece que, apesar de desejada/valorizada, essa habilidade não é tão comum ainda. Ou seja, quais são alguns obstáculos à empatia ou escuta profunda? E acho essa imagem bem bacana para despertar algumas reflexões.
Quando o lobo desabafa, os outros cinco animais, exceto a girafa, acham que já entenderam a questão e, movidos pela intenção de resolver o quanto antes, começam a trazer possíveis soluções ou explicações para a situação ou mesmo mudam o foco da atenção para si e começam a contar suas próprias histórias.
Não há nenhuma crítica a esses recursos e, às vezes, são muito eficientes e adequados a uma situação, por exemplo, quando buscamos um nutricionista para nos dar conselhos sobre como nos alimentar de forma saudável. A questão é que em outras várias situações o que nós realmente precisamos é de sermos ouvidos e de alguém que nos faça companhia enquanto vamos ganhando clareza sobre alguma questão de nossa vida, num clima de respeito e não julgamento. É assim para você também?
Um bom jeito de irmos aprofundando a qualidade da nossa escuta é nos propormos a parafrasear ou espelhar, ou seja, a escutar o que é dito, checando com o outro de tempos em tempos se é isso mesmo, para evitar distorções ou mesmo colocarmos coisas nossas no mundo do outro. Essa escuta é comumente chamada de escuta ativa, pois, além de silenciar as minhas próprias questões naquele determinado diálogo, eu vou devolvendo ao outro o que estou compreendendo para ele ter a chance de confirmar se o estou compreendendo bem ou se há algum mal-entendido. Que tal você experimentar e ver os resultados na sua própria vida?
Na próxima vez que você estiver escutando algo mais complexo ou que envolva várias etapas, você pode sintetizar para seu interlocutor o que ouviu dele para checar se compreendeu corretamente ou ainda pedir para alguém espelhar para você o que te ouviu dizer!
Outro jeito é praticarmos a escuta empática proposta pela CNV, que pode ser definida como:
E pode tomar a forma de chutes empáticos, como:
Quando você quiser compreender melhor seu interlocutor, por exemplo, quando é uma situação que se repete, ou ajudá-lo a ter mais clareza do que se passa com ele, você pode tentar fazer os chutes empáticos acima, lembrando que, mais importante do que a estrutura da sua fala, é sua postura e intenção de realmente querer compreender o outro, e mesmo aquilo que ele nem disse, mas está sentindo ou precisando.
Caso você escolha praticar e se desenvolver nessa arte de empatizar com o outro é bem provável que você perceberá, com o tempo, pois a teoria é simples, mas a prática é bem mais complexa, que tal postura empática trás diversos benefícios, como:
Então te desejo boas práticas e te deixo a pergunta clássica que você pode se fazer ou fazer ao outro para começar uma escuta genuína: “como você está (agora/ com essa decisão/ com esse cliente/ com este time/ com seu líder / na sua vida pessoal)?”
E logo mais teremos o 4º artigo, em que você conhecerá um pouco como a CNV tem entrado no dia a dia da equipe da Gupy.