A crise sanitária e econômica pela qual passa o Brasil obrigou muitas empresas a olhar para dentro de casa e refazer as contas a fim de cortar custos. Negociam com fornecedor aqui, cancelam serviço ali, congelam um novo projeto acolá, vários negócios, infelizmente, também precisaram demitir colaboradores.
Entre março e abril de 2020, o Brasil perdeu 1,1 milhão de vagas de emprego com carteira assinada, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado pelo Ministério da Economia. Foi nesse período que grande parte do comércio e das fábricas do país ficaram fechadas, uma das medidas adotadas pelos governos para conter o avanço da pandemia de COVID-19 pelo Brasil.
Desligar um funcionário é por si só um momento delicado e que se torna ainda mais complexo em operações a distância. Sem a presença física, tudo tende a se tornar mais impessoal. Neste artigo, confira como o RH pode conduzir esse processo de maneira responsável e empática.
Como qualquer anúncio, comunicar a um colaborador que ele será desligado exige planejamento prévio do gestor e do RH.
Segundo Stefanie Ferracciu, diretora de Gente e Gestão da Gupy, é o líder que deve dar a notícia da demissão ao funcionário. “A área de gente deve prepará-lo para esse momento e, se necessário, participar da reunião de desligamento para que fiquem claros os benefícios que o funcionário terá, ainda mais numa situação de pandemia. É uma forma de ajudar num momento tão delicado”, diz.
Se as demissões forem pontuais, pode-se marcar reuniões individuais por videoconferência com os colaboradores. “O melhor é que elas sejam agendadas no dia anterior e sejam realizadas até às 10 horas da manhã do dia seguinte”, diz Stefanie.
Além disso, prepare toda a documentação necessária para o desligamento do funcionário e planeje como será feito o recolhimento dos materiais de trabalho, como notebook e celular.
É recomendável também evitar fazer o anúncio às sextas-feiras. “No início da semana, o colaborador tem mais condições de ativar contatos e buscar se recolocar no mercado”, completa.
Mas o que fazer quando o corte de funcionários é grande? A empresa de maquininhas de cartões Stone, por exemplo, se viu obrigada a dispensar 20% do quadro de funcionários diante da crise provocada pelo novo coronavírus e anunciou a medida numa live para todos os colaboradores pela manhã. Logo em seguida, os funcionários demitidos foram avisados individualmente.
A Gympass, que desligou quase 30% da força de trabalho, seguiu processo parecido: depois de comunicar o corte para toda a empresa via videoconferência, os funcionários demitidos receberam um e-mail com o aviso e, à tarde, tiveram conversas individuais com o RH.
Na fatídica reunião, é importante que o líder esclareça o motivo, o porquê da demissão. “O desligamento pode estar relacionado à performance do colaborador. Mas, especialmente em situações de crise, é possível que tenha a ver com mudanças na estratégia da empresa, que precisa se readaptar e remanejar áreas para sobreviver”, diz Stefanie.
O anúncio da demissão deve ser feita de forma educada e objetiva para manter o clima da reunião tranquilo e evitar discussões desnecessárias. Além disso, empatia e paciência são sentimentos mais que bem-vindos: afinal, poucas são as vezes que alguém espera ser desligado.
“Após ouvir a palavra ‘demissão’, o profissional pensará em mil situações ao mesmo tempo e provavelmente não prestará muita atenção no que é dito. O gestor e o especialista em gente devem estar preparados para repetir algumas passagens. O momento é difícil para a empresa, mas é mais ainda para o colaborador desligado”, afirma a diretora.
A atenção com a comunicação e a transparência deve se estender também aos funcionários que permanecem na empresa. De acordo com Stefanie, após a demissão dos colaboradores, deve-se explicar de forma breve e objetiva a causa do desligamento às equipes com quem eles trabalhavam, e em seguida, para toda empresa. Essa medida evita os prejudiciais burburinhos e ajuda muito no engajamento dos profissionais que continuam na organização.
Além disso, o RH deve mapear quais colaboradores devem ser mais impactados pela demissão dos ex-colegas e atuar para mantê-los motivados e produtivos.
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Uma forma de demonstrar empatia e ajudar o funcionário demitido e é prorrogar a oferta de auxílios e conceder mais alguns, se possível.
“O que tenho visto como prática de mercado é o oferecimento de plano de saúde por mais três a seis meses, em média, aos demitidos. Algumas empresas estendem esse prazo por até um ano. É um auxílio muito importante em um momento de pandemia”, afirma Stefanie.
Ela pontua outras iniciativas, como assinatura de plano de terapia online, depósito do valor referente a mais um mês de vale-alimentação e um salário extra e outros tipos de ajuda de custo. “Tudo vai depender do orçamento que a empresa tiver disponível”, completa.
Impactada pela crise econômica provocada pelo novo coronavírus, a startup de aluguel de quartos e imóveis Airbnb demitiu 25% do quadro de funcionários. Além da oferta de plano de saúde e dos notebooks aos ex-funcionários, a empresa também tomou a iniciativa de ajudá-los a se recolocarem no mercado. Diversas empresas disponibilizaram listas com os profissionais que estão em busca de novas oportunidades.
A operação na sua empresa é pequena ou está mais enxuta do que nunca? Sem problemas. Elaborar um manual de recolocação e disponibilizá-lo para os funcionários que foram demitidos já é uma ajuda e tanto!
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