Neste cenário incerto para muitas organizações, alguns desafios estão tornando a vida de RH’s mais difíceis, exigindo uma série de adaptações e inovações, como o Home Office. No episódio #02 do projeto People First, conversamos com alguns profissionais e gestores sobre os principais elementos de uma organização e como mantê-los à distância.
CONFIRA OS PRINCIPAIS TRECHOS DA ENTREVISTA:
Participantes:
Caroline: Culturas são colocadas à prova neste momento. Qual o papel da cultura em um momento como esse nas empresas?
Adriano – Sempre digo que não acho que cultura seja boa ou tuim. Gosto de diferenciar entre cultura forte e fraca, porque cultura depende muito da afinidade de valores de cada um com as empresas.
Para mim, cultura forte é aquela que é disseminada, exemplificada pelos líderes, vivida pelos colaboradores, percebida pelos clientes e temida pelos concorrentes.
A cultura geralmente é definida como a forma que fazemos as coisas na organização. Essa é uma definição que para mim explica o conceito mas não ajuda muito, pois é muito abrangente. Cultura de verdade para mim é algo que se operacionaliza a nível de valores e se traduzem em comportamentos, havendo consistência nisso.
Trazendo para esse momento de crise, o que tenho falado em muitas empresas é que sobre pressão, corremos o risco de tomar decisões de tal forma que não esteja muito bem alinhada com a cultura. Tenho certeza que muitas empresas têm possado por esse momento de provação. Então neste momento de dúvida, o melhor é correr para os valores, recorrer aos comportamentos que a empresa acredita e busca manter.
Há movimentos de “não demita”, outras que não poderão passar por um momento desse sem demitir, mas é parte do momento ser justo, ético e respeitoso com os colaboradores, seja o momento que for, para preservar essa consistência cultural. Uma decisão é um valor colocado em prática.
Caroline: O que nós podemos aprender sobre a cultura da empresa neste momento?
Renato – Se a gente entende que cultura é o jeito como fazemos as coisas e que dá nossa identidade na organização, em momentos de tensão, ao prestarmos atenção no discurso da empresa, podemos notar alguns elementos da cultura. Uma delas é o que está interiorizado como valor, o que de verdade está fixado como crença norteadora da empresa. Então, em alguns momentos, essa empresa que pensa em colaboradores em primeiro lugar, ao chegar na situação de demissão, provavelmente já tentou de tudo e é isso que se concretiza na coerência.
Gosto de pensar em uma cultura como uma forma orgânica. Todos estão inseridos neste espaço, com regras, hierarquias, processos, etc. Que dão o shape da organização. Esse ambiente vai gerar nas pessoas o comportamento da organização. Uma coisa que conseguiremos observar agora é basicamente que tipos de comportamentos aparecem em contextos diferentes – quando se muda estratégias, políticas, processos, etc.
Em momentos de tensão é onde usamos o que está disponível e se neste momento não temos recursos conhecidos para lidar com a crise, qual é a capacidade da empresa de se reinventar e buscar alternativas rápidas? É um momento para, de fato, aprender demais sobre a cultura, mas, acima de tudo, sobre as pessoas que escolhemos estar com a gente neste momento.
Caroline: Existe clima organizacional no home office?
Cesar – Sim! Se clima organizacional está relacionado a percepção sobre a empresa, com certeza, clima continua existindo. Mas neste cenário também abre uma porta para uma nova forma de medir a cultura, se ela se mantém ou muda, e como. Assim como avaliar se novas regras que antes pareciam fazer sentido podem ser flexibilizadas e como os colaboradores reagem a isso. Talvez essa seja uma grande oportunidade para quem já acompanha clima, ver que impactos estamos tendo neste novo regime.
Caroline: Que mensagem temos para as pessoas em momentos como esse?
Renato – Não acho que todo mundo vai aprender com isso, porquê vejo pessoas somente reforçando suas crenças negativas. Mas a minha provocação é qual é seu modelo mental e sua crença de vida a respeito dessa situação? Porque no fundo, para mim, o que vai ditar é como você se coloca diante da vida. Porque se você se coloca como prisioneiro, qualquer coisa é suficiente para se fechar na cela e reclamar da vida. Mas se for protagonista, a transformação vem. É de fato um ótimo momento para fazer um exercício de auto-gestão e rever modelos mentais.
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